terça-feira, 17 de agosto de 2010

Capítulo IX - Durante o serão, nós os transmissões juntamente com os enfermeiros reunimo-nos na enfermaria e, num ambiente de enorme consternação e pesar choramos juntos a morte dos nossos camaradas e, elevamos ao céu uma prece para que a Virgem de Fátima cuidasse dos feridos e do Marialva feito prisioneiro juntamente com um soldado negro do recrutamento local.Este soldado negro pertencia aos designados grupos de mesclagem, composto por naturais da província, os quais complementavam as companhias Metropolitanas ao chegarem a Angola e eram distribuídos pelos quatro grupos de combate.
Tudo indicava para que um ataque com esta envergadura e de tão grande sucesso para o inimigo fosse obra do destemido chefe da FNLA, Pedro Afamado, no entanto o Cabeça Gorda não se cansava de afirmar.
-Quanto a mim houve aqui mão do Comandante Veneno. Pois ainda há duas semanas recebemos uma mensagem em que a DGS de Noqui informava que o gajo tinha atravessado a fronteira, vindo da base de Kamuna.
Essa base da FNLA – Frente Nacional para Libertação de Angola, chefiada por Holden Roberto – conhecida por Kamuna ficava a escassos 20 km da fronteira na Republica do Zaire. Também a apenas 14 km da fronteira e sensivelmente no meridiano de Meposo encontrava-se a base de Necuma, ambas dependiam da importante base de Kinkuso situada 120 Km mais para o interior. Não havia dúvidas de que estávamos numa zona bastante sensível e acompanhados por vizinhos bastante perigosos.
Informações posteriores á revolução dos cravos relatavam que tinham chegado a esta importante base de Kinkuso 120 instrutores militares chineses com o intuito de treinarem os militares da FNLA. A qual dispunha de cerca de 850 combatentes prontos a entrarem em Angola e continuava desde há algum tempo a recrutar coercivamente de entre os milhares de refugiados Angolanos, todos aqueles com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos.
As informações militares também previam um grande recrudescimento da actividade do exercito de Holden Roberto, e temia-se uma grande ofensiva da parte deste, apoiada abertamente pelas forças armadas Zairenses num tipo de guerra clássica, para a qual as nossas forças não estavam preparadas.Era destas bases que partiam os perigosos e bem treinados grupos móveis que se internavam em território Angolano afim de atacarem os aquartelamentos de fronteira, colocarem minas anti-carro nas picadas e também desencadear mortíferas emboscadas. Durante as suas deslocações estes grupos faziam-se acompanhar de carregadores e alimentavam-se de mel, frutos silvestres, carne seca e de animais que iam caçando. Ao contrário das nossas tropas estavam bastante motivados e perfeitamente adaptados á vida na mata, alem de serem profundos conhecedores do terreno.
Durante os seus trajectos tomavam grandes precauções, enviando batedores avançados a grande distancia para os alertarem sobre os movimentos da tropa, o mesmo acontecendo com guardas para lhes protegerem os flancos e a retaguarda. Dissimulavam ao máximo os seus trilhos de passagem, tentando deixar o menor número possível de indícios. Para atravessarem as picadas faziam-no por debaixo dos pontões quando estes existiam, ou estendendo panos para lhes passarem por cima, outras vezes faziam-no ás recuas para induzirem em erro as nossas tropas.
Manuel Aldeias 

3 comentários:

caçador disse...

meu grande compaheiro manuel aldeias eu estive por esses lugares de maio 1965 a 2 ou 3 de dezenbro de 1966 a nossa companhia esteve em m´´pala claro ficava perto de m´pozo fomos muitas vezes a sao salvador do congo e muitas vezes a nóqui o congo ex-belga ficava a 4 metros da fronteira tinha um restaurente com o nome de sr. machado que eu achava que estava mais no congo do que no nosso territorio claro na frente aquele grande rio zaire e por incrivel que pareça nao tivemos nenhum ataque claro que viamos as pegadas dos chamados turras todo o santo dia e nós tinhamos a certeza que o in. nos vijiava o tempo todo só que nós nao sabiamos a onde eles estavam por váris vezes a gente localizava eles porque eramos informados por outras compahias e a gente ia procurar eles ás veses os pegavamos mas era muito dificil porque as matas os escondia eu acho que eles queriam só passar para ir para a regiao dos dembos mas olhem era longe se eles conseguim chegar eu nao sei porque eles descalços sem camisa e a pé meu deus também sofreram abraços eu acho que também tivemos muita sorte

caçador disse...

eu era sodado condutor de unimog ou seja burro do mato olhem o carro era bom mas o jipao se fosse novo era melhor para nós soldados porque o atirador saltava mais rápido porque era mais baixo assim como a gmc se fosse nova seria muito melhor do que a berliet esse carro chamado berlite nao valia nada nao andava atolava a toua o burro do mato a que tinha que tirar ela simplesmente era melhor do que a gmc por ser nove tinha freio a ar mas se o governo comprasse gmc novas já viriam com freios a ar e feliz natal

Anónimo disse...

Continuo extasiado com o seu relato.
Parabens