sábado, 21 de agosto de 2010

Capítulo X -  Nessa noite triste e de má memoria os meus colegas de transmissões que almoçavam e jantavam num telheiro junto ao posto de rádio, dividiram comigo o seu rancho numa atitude de grande solidariedade e companheirismo.
Despedimo-nos pesarosos e, eu deitei-me na cama do Márêta que ao princípio da noite tinha partido de rádio ás costas, juntamente com o seu grupo de combate afim de participar na perseguição que estava a ser desencadeada ao grupo inimigo.
Nessa vastíssima região do distrito do Zaire todas as posições das nossas tropas tinham entrado em estado de prevenção. As operações em curso tinham sido interrompidas e os soldados desviados para efectuarem emboscadas e reconhecimentos nos prováveis trilhos de passagem. Tarefa hercúlea e quase impossível porque o inimigo dispersava nestas situações, camuflando-se no capim alto e nas florestas cerradas, também a imensidão do território contribuía para que a fuga para lá da fronteira tivesse pleno sucesso.
Passado tempo sobre este trágico acontecimento tive acesso á sua versão oficial, que é do seguinte teor:
Em 24 de Fevereiro de 1974 um forte grupo inimigo avaliado em cerca de 35 elementos emboscou as nossas tropas em protecção á rectaguarda da coluna do MVL entre Ambrizete e Quiximba, causando 6 mortos, 2 feridos graves, 6 feridos ligeiros e 2 prisioneiros. Um dos prisioneiros um soldado Metropolitano faleceu durante a caminhada, tendo sido o seu corpo recuperado em 27 de Fevereiro de 1974 pelas nossas tropas. O outro prisioneiro um soldado negro do recrutamento local chegou juntamente com os seus raptores ao Zaire ao cabo de uma viajem de 20 dias. O inimigo ainda capturou e danificou diverso material de guerra e de enfermagem.
MANUEL ALDEIAS 






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