domingo, 13 de fevereiro de 2011

MEMÓRIAS de OUTRÓRA IX

( Continuação)
O golpe de mão seria lançado assim que começasse a romper o dia. Como ainda tínhamos práticamente a noite toda pela frente, os Flechas separaram-se e ocuparam posições que melhor lhes permitissem uma aproximação rápida e eficaz ao objetivo. Para o caso de perderm o contato o Flechas vinham munidos de 3 ou 4 bocados de paus muito finos para não fazerem muito barulho e que partiam, confundindo-se com os ruídos da floresta e, que lhes permitiam localizar o camarada da frente.
Eu felizmente não faria parte do grupo de assalto, ficaria numa posição mais protegida, acompanhado pelo meu fiel guarda-costas. Era um local privilegiado de onde seguiria toda a ação como se estivesse a assistir a um filme de guerra no cinema da minha terra.
A noite estava fria, muito escura e ameaçava chover, a lua continuava a dormir escondida por detrás das grossas nuvens e só uma vez por outra se deixava ver mas por poucos segundos.
O medo e o frio estavam a tomar conta de mim. Do local onde me encontrava conseguia ouvir vozes vindas da direção da sanzala, o meu guarda-costas devia dormir. Repentinamente o barulho da vegetação denuncia passos que se aproximam cautelosos na minha direçao. O medo que sinto transforma-se em pânico, no entanto continuo deitado à beira do trilho e instintivamente aponto a G3, então sinto a mão do meu guarda-costas que me aperta o braço, pelo que permaneci quieto e aterrorizado. Eram quatro homens que passaram sem dar por nós quase a roçar-nos, retive a respiração e mais uma vez gelei de pavor.
(Continua)

11 comentários:

Maria Rodrigues disse...

Quanto medo, dor, insegurança e dúvidas essa guerra não causou no coração de tantos jovens e dos seus familiares.
Tenha um excelente fim de semana
Beijinhos
Maria

Unknown disse...

Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal; isso nada tem a ver com a coragem .

Abraço.

Edum@nes disse...

Amigo foi assim que muitos de nós passámos algum tempo, quando lá estivemos em comissão de serviço militar. durante a noite, qualquer sitio servia para ficar sem saber onde. Sabiamos que o silêncio seria a nossa defesa, portanto, era preciso manternos calados, para não sermos localizados pelo IN, e sempre atentos a qualquer ruído.
Um abraço
Eduardo.

Carla Ceres disse...

Quando li "retive a respiração", percebi que eu também estava sem respirar. Texto envolvente! Parabéns!

Graça Pereira disse...

Perdi o capítulo anterior mas, já fui ler para não perder pitada!
A mim, ter-me-ia dado um treco:" O medo que sinto transforma-se em pânico...permaneci quieto e aterrorizado...eram quatro homens que passaram por nós quase a roçar-nos"...O meu coração bateria tanto e tão alto que se ouviria a não sei quantos metros...
Compreendo hoje, como há tantos stressados da guerra colonial!
Verdadeiros heróis ignorados!
Beijo e boa semana|
Graça

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


COMPARTIENDO ILUSION
MANUEL

CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...




ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE MONOCULO NOMBRE DE LA ROSA, ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER ,CHOCOLATE Y CREPUSCULO 1 Y2.

José
Ramón...

José Sousa disse...

Caro amigo Manuel!
Tenho andado a ler o que escreve, e hoje, ao ler sobre os flexas, reflecti! Tenho um amigo, cunhado da minha irmã que pertencia a companhia de cavalaria na mesma altura. Sei que ele pertencia oas "Flexas". Fez tropa no Bié e quando se deu o 25 de Abril ele ingressou na FNLA. Cama-se José Moura, mais conhecido pelo "Moura".

Meu E-mail: kwachta@hotmail.com

Um abraço

manuel aldeias disse...

Caro amigo José Sousa, os Flechas não eram tropa regular, eram milicias que trabalhavam sobre as ordens da PIDE/DGS, todos os que conheci eram negros. Apenas os agentes da PIDE/DGS eram brancos e havia alguns negros principalmente os infiltrados.
Será que o seu amigo cumpriu o serviço militar numa Comp. de Cavalaria e posteriormente ingressou na DGS.?
Obrigado pelo seu comentário.
Caso saiba algo mais sobre a carreira do seu amigo agradeço que informe, É sempre util qualquer informação.
Manuel Aldeias

Graça Pereira disse...

Vim espreitar se havia continuação...
Beijo e boa semana.
Graça

franciete disse...

A vida é nuvem que passa
o tempo é água a correr
esta vida só tem graça
se a soubermos viver.

Beijinhos de luz e paz

Vinicius.C disse...

Olá!!

Passando para deixar o meu abraço e contar que adoro estar aqui!!

Nos encontramos no Alma.