terça-feira, 19 de abril de 2011

MEMÓRIAS de OUTRORA XVII

(Continuação)
Por volta do meio dia, com o astro rei a fustigar-nos intensamente, chegamos a uma picada com indícios de muito pouco uso, em que mal se apercebiam os trilhos deixados pelos rodados das viaturas.
Os Flechas de imediato se dispuseram estratégicamente ao longo do caminho. Com a colaboração do meu guarda-costas montei as antenas no rádio Racal tr28 e após entrar em contacto com a sede e transmitir as coordenadas do local de recolha, sou informado de que a coluna militar que tinha por missão recolher-nos já tinha partido e se dirigia ao nosso encontro.
O Inspetor da DGS que se encontrava junto de mim, dirigiu-se-me dizendo.
- Então dentro de pouco tempo seremos recolhidos. A viajem de regresso é que será mais morosa.
-Porquê? Perguntei, prevendo o pior.
Os turras são espertos e ao aperceberem-se da vinda da coluna, por certo aproveitarão a viajem de regresso para nos fazerem a vida negra, colocando minas escondidas na picada, ou montarem emboscadas.
- Não me diga que esta odisseia ainda está longe de terminar? Perguntei receoso e preocupado.
- Há! Pois! Não sou eu o comandante da coluna, no entanto assim que ela chegar vou falar com o chefe, para em conjunto delinearmos a melhor estratégia. E perante o meu espanto acrescentou – Temos que picar o caminho afim de detetarmos minas escondidas. Nos locais mais perigosos, faremos tiros de reconhecimento, enquanto progredimos a pé.
(Continua)

9 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Seguindo consigo os trilhos da (também minha) memória... Tempos anda bem presentes, né?

Maria Rodrigues disse...

Amigo quantos perigos, medo e dor foram passados nessa guerra.
Tenha uma Páscoa muito feliz.
Beijinhos
Maria

Carla Ceres disse...

Que horror, minas terrestres! Esse pesadelo vai de mal a pior. Tomara que saiam todos bem. Abraço!

Dora Regina disse...

Páscoa é tempo de amor,
de família e de paz...
É tempo de agradecermos
discretamente
por tudo que temos
e por tudo que teremos.
Páscoa é um sentimento
nos nossos corações
de esperança , fé e confiança.
É dia de milagres;
é dia dos nossos sonhos parecerem
estar mais perto,
tempo de retrospecção
por tudo que tem sido
e uma antecipação de tudo que será.
E é hora de lembrar dos amigos...
FELIZ PÁSCOA!!!

Edum@nes disse...

Missão quase impossível, quando era necessário descobrir minas escondidas.
Muitas, infelizmente, descobriam-se após serem accionadas pelas viaturas ou por alguns dos nossos camaradas, que ao pisá-las explodiam causando-lhes morte imediata ou dificiência física para o resto da vida.
Amigo Manuel esta sua missão que faz parte das suas memórias que há muito tempo nos tem dado a conhecer aqui no seu blog. Terminou com o fim feliz?

Desejos de páscoa feliz.
Um abraço
Eduardo.

Twoefes disse...

Amigo Manuel é sempre com grande satisfação que leio e releio a tua odisseia por terras de Angola. Com mais de trinta anos de separação desde esse tempo até agora, poderá dizer-se até que existe alguma nostalgia, não da guerra em si que essa decerto não deixa saudades a ninguém, mas sim dos elementos da natureza: da paisagem africana, da selva, do capim, dos animais selvagens, do cruzeiro do sul, etc. Tenho a certeza que naquele tempo esses pormenores passavam-te ao lado, mas ficaram-te gravados no subconsciente e a prova disso, é que te lembras muito bem deles e manténs muita gente "presa" na tua narração.
Um grande abraço.

José Sousa disse...

Amigo Manuel Aldeias!
Aqui vim para te ler e como fico tão sem geito ao ler o que escreve, pois, tal como eu, esteve na terra que me vai na alma. Lhe desejar uma bela semana.
Deixo o meu convite para conhecer o meu novo blogue em:

http://www.transpondo-barreiras.blogspot.com/

Um abraço grande.

franciete disse...

Meu querido amigo, desejo que tudo esteja bem em sua vida, talvez a casa mais vazia mas de certo que muito felizes.
venho em agradecimento pelas lindas palavras que sempre me deixa, e já lá vai mais um ano das sagas tão sofridas que passou até ao dia da liberdade.
beijinhos para todos voz...

Graça Pereira disse...

Meu Amigo
Sei (pelo que me contaram) o que são picadas cheias de minas. Tive um irmão médico na tropa e um marido (que ainda não era) tb em zona 100& no norte de Moçambique e...contavam coisas de estremecer!
Beijo
Graça